5 de junho de 2008

A forma e o conteudo

A política é um meio em que tanto a forma como o conteúdo têm uma grande importância. Pela forma considera-se a imagem, o discurso e a metodologia empregues para alcançar e manter o poder. Pelo conteúdo consideram-se as ideias enunciadas e defendidas e os projectos postos em prática durante a governação. Têm ambos interligação entre si e podem, num dado momento, contribuir para o sucesso ou para o insucesso pessoal ou colectivo.


Em termos da forma como os líderes do PSD se têm legitimado e gerido o poder que lhes é confiado, verificou-se uma alteração profunda entre o que existia antes da introdução das directas e o que se tem passado entretanto. Antes das directas os líderes do PSD eram formalmente eleitos nos congressos após longas maratonas negociais. Muitas delas arrastadas há meses. Os militantes tinham uma influência limitada na eleição do líder mas o Congresso era, sem dúvida alguma, o local onde se confrontavam as diversas correntes ideológicas do partido e onde se prestavam provas da capacidade de liderança. A eleição indirecta do presidente do PSD proporcionava lideranças mais representativas que federavam em seu torno boa parte das elites. Todavia, os militantes não podiam decidir quem queriam ver à frente do partido.


Nos dias de hoje o paradigma é completamente diferente do anterior. Com as directas as bases passaram a escolher o presidente mas o debate ficou reduzido aos faits divers e aos pouco esclarecedores confrontos televisivos. Acima de tudo, perdeu-se a noção da importância das ideias e dos projectos e passou-se a sobrevalorizar as pessoas. Como resultado, tanto as bases como as elites se afastaram das lideranças, que, em busca da representatividade que não alcançaram nas urnas de voto, passaram a perseguir os seus adversários com o objectivo de controlar o aparelho partidário.


As directas podem produzir líderes de facção que, sendo eleitos com pouco mais de um décimo dos votos, açambarcam o poder através do caciquismo e do recurso aos militantes “sem-terra” que circulam de secção em secção consoante os objectivos dos seus mandantes. Para além do mais, as directas não representaram uma mudança efectiva na forma de escolha dos representantes das autarquias, das regiões e do parlamento, pois os presidentes do PSD, eleitos pelos militantes, não admitem que estes escolham directamente outros representantes para além de si próprios.


Neste sentido, o Congresso serve apenas para consagrar os líderes e passear a vaidade das vitórias efémeras. Trata-se, portanto, de uma democracia directa enviesada que produz líderes atormentados pela falta de representatividade. Algo que poderia ser facilmente resolvido com a existência de uma segunda volta e de “conselhos eleitorais”, organizados pelo partido imediatamente antes da primeira e segunda voltas, onde as várias candidaturas se poderiam confrontar durante um ou dois dias.

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